segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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“Como será difícil daqui para frente!” – ele pensou e resmungou. E de fato, foi.
Houve um tempo em que ele passou a matar suas emoções empoeiradas do vento forte que passava todas àquelas tardes de julho – quando ele se deu conta – e acreditou que seria possível sobreviver tudo aquilo ali, porém, não sabia como começar. Ele compreendia tudo em algum lugar perdido dentro de si, ora habitado pela coragem e maturidade que o fizeram decidir, ora desafiado pela intuição e pela precaução. Mesmo assim, decidiu – rapidamente, e se foi. Estando lá pensou: “Precisei vir até aqui para descobrir a mim mesmo.” E descobriu. Passou pouco tempo - que para ele fora uma eternidade. Brincou com a vida, com desconhecidos, com bebidas e sorriu para o passado que mesmo longe batia sua janela todas às manhãs sob o azul daquele céu que durava horas a mais que o normal. Era inacreditável, passando pelo incrível que era tátil, pois, ultrapassava tudo isso. E dentro do seu vazio não havia ressonância alguma do passado, aliás, não havia nada, era – literalmente – um vazio. Percebeu que seu otimismo não mudara, assim como seu poder em acreditar e decidiu acreditar. Sem grandes planos, sem muitas vontades e sem a mãe por perto, como seria? – indagou.
E voltou. Voltou curado e assolado pelo medo do reencontro, afinal, não há fuga para o que há por dentro. A gente foge do físico, só.
Hoje a vida me sorriu e resolvi retribuir, embora meus lábios demorem a entender qual o real motivo desse sorriso, porém, no reflexo de outro sorriso eu consigo me achar e me perder – simultaneamente. Olhando para trás, eu só enxergo magoas que você não supera, consigo absorver a imaturidade que te soberba e todo o seu mundo arredio. Lamento e ao mesmo tempo agradeço por me afastar de pessoas que não sinto admiração alguma, do contrário, sinto repulsa e o quanto eu puder manter a distância, hei de manter. Meu sorriso será o mesmo, assim como meu abraço e toda essa farsa que você me ensinou, que eu posso inventar um amor, uma dor, usá-la como arma e ferir quem estiver por perto. E posso, - além de tudo isso, sentir pena de mim e transportar esse sentimento para os outros. Aprender com o sofrimento talvez seja uma lição, uma absorção e um refúgio. Desse lado, continue guardando o que há de bom, pois, do meu, o melhor ainda está por vir. E sorrir – é o que me resta. Afinal, hoje, a vida resolveu me sorrir como antes, como ontem, como naquela noite de novembro.



Rubian Calixto - dedicado.