sexta-feira, 25 de setembro de 2009

— E você, por que desvia o olhar?


Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos, certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantado num desses abismos, dentro dos seus olhos.

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Rubian Calixtoàs 16h51 saindo para pedalar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Confesso que demorou para que eu percebesse que não havia ninguém ao meu lado assim que acordei.

Olhei-me no espelho e não vi ninguém além de mim.

Desafiei-me a levantar, o fiz.

O dia já era meio e não havia mais ninguém em casa. Eu e minha companhia, somente.

Blacky parecia estar eufórico, brincava desnorteadamente com as pedrinhas, como se quisesse casá-las. Azuis com azuis, brancas com brancas. Vez ou outra ele sobe e respira um pouco.

Eu gosto de observá-lo. Ele sente.

Jefferson Paiva me deu quarenta minutos de sermão grátis via messenger.

Fritei nuggts e os comi com arroz d'leite.

Vesti-me como um nerd emo estudante e fui.

Débora Nóbrega está com uma intoxicação, alergia, não sei... contudo, a pele dela está irritada.

Conversei sobre planos futuros, carreira e emprego com a diretora de onde estudei por todo o ensino médio.

Eu e Carol conversamos sobre a vida alheia, ou seja, sobre a irmã dela.

Revi conhecidos.

Fiquei no prego até Fausto ter mostrado a atitude mais burra do mundo e ter ido me salvar.

Vi Leilane só de roupão de banho e toalha na cabeça e achei incrível como ela consegue ser bonita do mesmo jeito.

Eu sorri para um desconhecido. Ele retribuiu.

Juão terminou o namoro.

Apaia encontrava-se vulnerável.

Eu precisava conversar.

Fui pra faculdade.

Kynha resolveu aparecer depois de 08 dias de atestado falsificado e com mil novidades.

Flávio não foi, logo, ainda não recebi o pagamento pela venda da minha prancha de surf.

A professora entra na sala e diz que vai passar toda a outra semana substituindo um professor que precisará se ausentar.

Ouvindo isso, antes da aula terminar me retiro de sala.

Thayane me liga e me convida para ir ao shopping.

Eu recuso. Apesar de querer muito.

Eu, Apaia, Juão e Pri fomos chupar dindin, quase tivemos uma overdose.

Eu recebi uma ligação.

Eu, Apaia e Juão conversamos, conversamos, conversamos.

Eu recebi outra ligação.

Cheguei em casa e Fausto diz que eu não dou valor ao irmão que tenho, pura chantagem emocional.

Estou há dois dias sem ver minha mãe.

Tomei banho, escovei os dentes.

Procurei um cigarro e não encontrei.

Tô indo dormir.

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Rubian Calixtoàs 01h50 de uma quinta-feira que já virou sexta. =\


 

terça-feira, 8 de setembro de 2009



As circunstâncias me fazem reparar sentidos. Os sentidos me escondem. O esconderijo alguém conheceu. Ainda é um esconderijo? O medo chegou e parece estar comigo a todo instante, deita ao meu lado na cama, brinca com meus pés e puxa meu lençol. Ele me olha pelo retrovisor, mesmo estando no banco do passageiro, enquanto dirijo. Vez ou outra resolve aparecer no meu celular. É uma espécie de sirene. O medo adora me fazer de vítima, me sinto um brinquedo, acendo a luz do quarto e apago minhas lembranças antepassadas. À noite trás consigo o barulho do silêncio. Há certo desespero em minh'alma. O que te trouxe aqui? O que te trouxe a mim? Vou a um shopping Center, procuro nas lojas, só encontro perguntas. Só perguntas. E, por puro consumismo, compro todas elas. Não, eu não consigo ser tão intrépido assim. "você está no meu radar", é tudo o que eu ouço. Sinto uma turbulência mútua. Novidades, erros, decepções, vontades... o que se pode esperar? O que não se pode? Atenuar? Foi pra isso que vim? E se eu agravar?

Sou um boneco, valete de ouro, o encosto para seu sono, sou o rei de espada, um travesseiro, um amuleto,um amigo, sou um objeto ou simplesmente seu desejo?

Faz favor,deixa isso claro pra mim.Como você disse: gosto de margens bem definidas.

Dormirei com motivos para acordar feliz, um pensamento tênue passou por aqui.

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Rubian Calixtoàs 01h40 de uma (já) quarta-feira depois de ler "pega um 'superbond' do tamanho do mundo e gruda na minha mão, só isso."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Acordei com um saldo devedor de sono, pois, na noite anterior havia dormido pouco, coloquei um filme que já faz anos que ta comigo. Esperei chegar até onze minutos e caí não apenas no sono, mas sim, em uma das melhores noites bem dormidas. Ultimamente venho tendo muito trabalho e o tempo ta passando tão rápido que eu nem sinto. São velhas novidades diárias que com o passar do tempo já nem serão novidades – ou não. Quando olhei para a janela vi minhas miniaturas da "Ferrari" todas empoeiradas. Fazia tempo que não olhava para elas. Lá estava minha F430 Spider 2005, minha preferida. Por hora, me imaginei dentro dela, sozinho lá em Leadbetter Beach ,Santa Bárbara, fazia um sol torrente, eu usava um chapéu e comia uvas enquanto dirigia ouvindo 'last nigth' do The Strokes, teria chegado até o 'pier' que era meu destino, caso ela não tivesse aparecido na janela e gritado: bom dia príncipe. Eu acordei. Mamãe adora fazer isso.

Pulei da cama e fui direto para o banho, olhei para o relógio e me senti feliz por acordar antes que o dia ficasse meio. Ele ainda estava inteiro e havia nascido para mim. Tomei um café bem reforçado, mesmo tendo esquecido as batatas que Vovó me mandou. Fui tentar resolver algumas coisas, frustrei e acabei raspando meu cabelo, sozinho.Voltei pra cama, uma navegada pela 'interneta' e fui para os estudos. O dia já era meio.

Entre números e inúmeras definições para eficiência, eficácia e efetividade. Eis que meu celular toca. Olho para o número, desconhecido. Me pergunto se é a mesma pessoa que me ligou por vezes ontem e só falava: RONALDO. Não atendi. Votei para minha calculadora científica e conceitos da economia. karma police do Radiohead começa a tocar, daí eu percebo que se tratava do meu celular. Ele tocava novamente.

Desde de o último episódio da nossa história, eu resolvi deixar tudo isso de lado. Nada de extras ou expansões no menu. Nada de envolver outras pessoas ou procurar um novo método de reaver tudo. Agora era cada um por si. Magoei-me ao ligar para ela e simplesmente ter sido ignorado. Detesto isso. Até pensei em ligar por diversas vezes, contudo, hesitei e me contive. Eu não sabia o que estava acontecendo, aliás, até agora eu não sei. Ela só se fez de louca e disse que eu liguei errado. Eu sei que ela sabe quem ligou naquela noite.

"for a minute i lost my self"... estava tocando, me perguntei se ainda era com um número desconhecido. Eu já estava desnorteado, não só pela minha curiosidade, como também pelas análises de investimentos nas quais eu fazia no momento. Eu perdi meu celular, apenas o ouvia tocar. Ele havia se perdido em meio à bagunça que estava minha cama, com tantos papéis, números, fórmulas, porcentagens e o que é ou não é viável...

O encontrei, era ela.

Resolvi atender.

Uma voz triste e aparentemente desconhecida estava do outro lado. E só falou: " - hoje pela manhã o pai dela cometeu suicídio e ela só quer ver você."

Vesti uma camisa e fui até lá.

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Rubian Calixto – às 17h50 de uma quinta-feira, que para mim, mais parece uma segunda gélida e nublada.

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Certa vez li em um blog da vida, que as mulheres criam em nós, homens, um sentimento extremamente paternalista. É como se nós, fossemos uma espécie de segundo pai para elas. Elas anseiam uma vida instável, querem sentir-se seguras e mais, planejar em curto prazo e até médio o seu destino. Mulheres nunca gostam de longo prazo. Não pra essas coisas.

Após divagar meus pensamentos, quero deixar bem exposto que eu concordo com essa máxima. Já namorei algumas vezes e todos os meus relacionamentos foram duradouros, apesar de infinitas controvérsias, desentendimentos em larga escala e afins. Porém sempre acreditei no amor, mesmo sem saber o que é amar ou se já amei, contudo, esse sentimento paternalista sempre coube em mim, é incrível. Apesar de possuir uma imagem física extremamente adolescente ( eu acho ), sempre sou confundido, sempre me dão anos a mais do que eu tenho ou até mesmo do que eu possa parecer, só que, isso nunca foi um problema para mim. Meu único problema é ser autoritário demais. Aliás, esse é um dos meus inúmeros. Postergar as coisas também e venho fazendo isso constantemente.

Fica assim, subentendido.