sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


Eu a vi de longe. Assim que subi no viaduto eu a vi... ela vinha caminhando, como quem estivesse com uma pressa que pudesse esperar.
Alguém a esperava? Algum compromisso? Ela pretendia chegar em algum lugar?
Ou simplesmente caminhava?
Não sei.
Contudo, ela atraiu minha atenção.
O fluxo de carros era grande, congestionamento...coisa de quem sai cedo de casa para trabalhar. Era o meu caso, estava indo para o escritório e atrasado, como de costume.
Ela usava roupa de malha, tipo, aquelas roupas que usam para ir à academia, correr, essas coisas...
E ela caminhava com pressa e não tanto apressada.
Na cara um sorriso imenso, lindo, radiante...
Ela aparenta ter seus quase 40 anos.
Porém, corria como alguém de 15.
Ela tinha um rosto bonito e muito simpático.
Entretanto, o que mais me chamou atenção fora seu sorriso.
Era contagiante.
E ela, era careca.
Não havia nenhum pêlo em sua cabeça.
Ela era totalmente careca.
Por ter uma mãe cabeleireira, sei o quão é importante para uma mulher ter cabelo.
Seja ele como for, elas sempre dão um jeito...
Mas, ser careca, ou melhor, ficar careca... deve ser um tanto quanto complicado, de fato.
Ela não carregava angústia em seu sorriso, talvez nos olhos.
Talvez.
Eu acelerei e segui em frente...ela também seguiu, passando por mim.
Vai ver ela estava apressada... precisava dar uma notícia a alguém, ou então... algo a esperava.
Quimioterapia, radioterapia... há tantas terapias para quem fica doente hoje em dia...
Algumas dilaceram seus pacientes...e, até os deixam assim, carecas.
Eu só espero que, mesmo com tudo isso, o seu sorriso permaneça.

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Rubian Calixto – às 11h45 de uma sexta-feira ensolarada.

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