quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Hoje sem querer eu tomei um gole de mim. Saciei a sede que por vezes havia me tirado o sono, corrompido meus pensamentos e interferido meus sonhos.

Provi. Senti. Criei expectativas. Tomei.

Sem me olhar no espelho eu fui com tudo o que tinha, com as duas notas que estava no meu bolso e um de meus celulares descarregado. Pena não dizer o mesmo da minha cabeça, lástima não dizer o mesmo de minh'alma.

Eu não sou o mesmo.

Hoje, arriscando, tentando, frustrando-me.

Eu errei a direção, rompi as barreiras do correto, enviei meu anonimato pelo correio para um endereço desconhecido.

De repente, assim, do nada... surge um copo cheio, transbordando.

Afeto, ódio, amor, desgraça, gana, grana, a falta, a sobra, moda, drogas, contas, dinheiro, dívidas, amores, dores, paixões, beijos, homens, mulheres, solidão, mundo, paz, música, confusão...

De repente, assim, do nada... surge um liquidificador, agitado.

Carinho, atenção, despertar, dormir, preguiça, coragem, monotonia, medo, ironia, orgulho, compaixão, desejo, superação, sexo, amor, falta de amor, mais confusão, mais confusão, mais confusão...

De repente um copo, cheio, pronto para ser saciado.

Hoje eu tomei um gole de mim e conclui.

Eu não sou o mesmo.

Sou amargo.


 

Rubian Calixto
– às 20h52 de uma quarta-feira bem imprevisível, com direito a tatuagem e pizza de chocolate.

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