quarta-feira, 7 de abril de 2010




A escuridão do meu quarto denuncia o ‘não estou pra ninguém’, assim como a música sem volume e o ovo de chocolate aberto em cima da cama. Um abraço azul e Téo (meu cão de pelúcia) estão comigo, lembrando claro, do Black que faz bôlhinhas na água que fora trocada minutos atrás. Pacata esta noite. Escondi alguns beijos e soltei-os frente ao espelho. Continuo o mesmo. E a águia que outrora voava no meu pescoço ainda olha pra mim com certo desejo. E eu não espero nada. Tento mudar algo do quarto, tirar a poeira dos livros e dos DVD’s, até chegar à caixa. Já vi muitos filmes, li livros e ouvi até histórias de pessoas que guardaram suas vidas dentro de caixas, esconderam seus segredos por lá e segmentou isso como um modo de vida. O que não se pode compartilhar a gente guarda e guarda bem guardado. Nem sempre a memória é tão boa quanto desejamos. Ás vezes ela chega a ser cruel, indevida e oportuna. Ou melhor, inoportuna. Memória não são apenas fantasmas, nem desejos contidos, nem vagas lembranças. A ideia que tenho sobre memória é outra. É a vontade de esquecer algo, de apagar aquilo e iludir-se achando que é simples. Bem simples. Ah, me desfazer agora seria o mais oportuno. Enterrar a caixa, rasgar as fotos, jorrar lágrimas dentro de cada espaço preenchido por histórias, felicidades, tristezas e alegrias, todas elas, compartilhadas e agir como se isso fosse comum. Foi assim durante um tempo, um longo período no qual eu não me arrependo nenhum pouco. Fica como lembrança, como experiência ou até mesmo como memória. E continuará a ficar, pois a caixa permanece aqui, só que agora, não apenas sendo de um passado no qual quero esquecer, mas sim, de um presente que estou vivendo inevitavelmente, como quem precisa passar por tudo e ser feliz no final. Mas e o final, quando vai ser? Fico com a lembrança vaga de que um dia eu fui muita coisa, inclusive, alguém que pré-meditava as coisas e por vezes me deixava levar pela vida. Hoje sou eu quem quero levar a vida. E, levo comigo, esse sorriso, a esperança e o amor, um amor dos mais bonitos, o amor que carrega minha cor. O amor que no momento está dentro de uma caixa e eu não se sabe até por quanto tempo estará lá. Talvez não seja a hora de erguer memórias.

Rubian Calixto - agora me dêem licença, vou tomar chá. Às 22h10 de uma quarta feira quente.

2 comentários:

Vivi Kate disse...

Memória é um bichinho que rói o cérebro pra se esconder no lugar mais indevido.Inconveniente é saber que qualquer movimento as tira do lugar. Não importa se são boas ou ruins.

- Nathalia disse...

"E, levo comigo, esse sorriso, a esperança e o amor, um amor dos mais bonitos, o amor que carrega minha cor. O amor que no momento está dentro de uma caixa e eu não se sabe até por quanto tempo estará lá. Talvez não seja a hora de erguer memórias." amei *_*

Oun Ru fazia tempo que não comentava mas sempre leio suas postagens que amo viu? um xero ;*