Dia desses, eu sonhei que eu tinha um amor. Um amor daqueles bem bonitos, dos que encontro nas páginas dos livros que folheio e devoro. Amor que emudece, cala. Que sente e te faz pensar. Amor daqueles que se escondem no cinema, que devora seus achismos e planos que te tiram do eixo.
Era um amor sem falta e além, chegava ao infinito e voltava no mesmo ciclo.
Vestia-se de olhos parcos nas emoções, porém carregava clareza nas palavras, bem como na brancura dos dentes.
Envolto ao sotaque arrastado por R's, puxei-me para dentro do compasso e enfeitei um jardim. Enfeitei-me de begônias amarelas e pétalas brancas, e, posterior a isso, me blindei como quem põe um "dente de leão" na lapela de um terno. Me senti fragilizado, amedrontado e até um pouco inseguro.
Nesse sonho eu enxugava lágrimas, bem como sentia o salgado sabor de mar nos meus lábios.
Todavia, não me contive em expor, tampouco me opor. A verdade é que a gente sabe quando vale a pena, e, no sonho eu me sentia atônito a cada ardor, prazer e ao desenvolver das coisas.
Sentimentos explosivos, o cansaço da mesmice outrora outorgado e o viés do fracasso sempre ali nos direcionando para longe do fim.
O sonho me fez pensar que - pela rapidez das coisas, mais parecia um raio e não amor.
Por sorte, já são 1h39 do dia dezenove e não há raios por aqui.
Ao todo, hoje são 60 dias em que esse sonho se repete, esteja eu de olhos fechados ou não.
Rubian Calixto - dedicado.