domingo, 30 de outubro de 2011

S'oublier sans rien dire*

Chega uma hora que cansa. Eu deveria ter percebido isso, afinal, não há felicidade por trás do sorriso, pelo contrário, há farsa. É tudo farsa, desrespeito e chega a ser desumano. Me chamam de careta, pois, por mais incrível que pareça, valorizo princípios e não menosprezo ideais. Não importa como, no entanto, quero saber até onde se chega – se é que chega. Todavia, nesse meio, tudo isso parece ser esquecido. Onde se esconde o desejo de ser/fazer diferente? Ele existe? Talvez o calor do momento, o efeito que a música causa ou qualquer outro nome que dão a tesão, vontade e/ou qualquer outro substantivo que o defina tenha a resposta. Alguém que o valha, é o que falta. Sempre iguais; como pólos. Te abordam, cercam, rodeiam e sem rodeios dizem, partem pra cima, falam na tua boca e acham que o efeito do álcool te fará vulnerável – e até faz, a ponto de ir à casa de quem se conheceu a cerca de duas horas atrás. Dissimular: aprende-se nesse meio, como também, mentir, omitir, desmentir e mentir as omissões. É promiscuidade a soberba e isso é feio.
Não aparece alguém que te convide para tomar um café na calmaria de uma terça feira, nem para observar Antares no céu escuro do inverno, procurar boas notícias no jornal de domingo, adestrar um elefante – nem que esse seja feito de papel - ou quem sabe desbravar uma cachoeira, catar conchas na beira da praia e disputar uma partida de mímica – embora eu seja péssimo nisso. Ninguém te pergunta quais filmes te faz pensar e o livro que está sob tua cama atualmente. Mas, sim: “Teus pais sabem? Você pode levar pessoas pra casa? Quem é sua ‘diva pop’ ? Onde você comprou seu jeans? Vai àquela festa? ” A cor da sua cueca – por exemplo, é mais importante que sua vontade desesperadora de mudar o mundo, lamentável. Não sabem responder determinadas coisas e não buscam procurar algo com mais afinco, saber quem foi Cleópatra e que Zygmunt Freud é o mesmo “Froide” que tanto falam. E que – possivelmente, explique o porquê de tudo isso. Não sabem que a mesma energia nuclear que usam para fazer bombas é a mesma que ajuda no tratamento de cura ao câncer. Ninguém quer ver o filme que fala a cerca da Guerra Civil na Espanha, tampouco a obra de Machado de Assis que virou uma minissérie fantástica, sobretudo, vampiros são mais dignos de atenção. Eca! E a devoção a música ‘gringa’? Aiai, tanta coisa boa para se conhecer na cena independente do nosso país. Me falta paciência e em um deslize estou julgando o ser que me olha desejando outra coisa que não o papo que tento ter. E das experiências da vida, o que você carrega? “Sou jovem ainda, tenho muito por viver!” Me pergunto se ao longo de vinte anos uma criatura não é capaz de acarretar experiências e difundí-las ao que se vive no instante. Eu e meu desespero por viver. Dormir me cansa, prefiro mil vezes estar vivendo algo. Sentir-se vivo é o que mais sei fazer, eu acho.
Essa tarde de domingo ta vazia lá fora. Só tem eu e os momentos que quero viver, juntamente com as palavras de um grande amigo que diz que eu não vou encontrar o que procuro - pois exijo em demasia -, o celular sem seu número e o facebook aberto passando por um tal ‘álbum legal' . Não entendo o sentimento, embora o sentido das coisas se refaça a cada vez que escuto seu nome. Como ontem – por exemplo, que alguém chegou e me disse que eu ando muito feliz, apesar de você. Às vezes, a distância do que me faz feliz me corrói, todavia, prefiro consciência. Talvez seja o preço por carregar o meu maior defeito e minha maior qualidade – julgadas por mim mesmo – congruentemente. Acreditar! E acreditar que sou um poeta - como um dia me dissestes - me faz querer sair desse meio – definitivamente, e me opor a qualquer ação que me leve para dentro quando minha real intenção é estar às margens. Pulei fora – eu acho.

Rubian Calixto – ao som de Chanson Triste, Carla Bruni. Mais cabível, impossível.
*se esquecer, sem nada dizer.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

No mundo da lua.


Não se sabe ao certo que lugar era aquele. Ora dava a entender que se tratava de um planeta, uma espécie de lugar desabitado, vivendo – atualmente, um fenômeno de povoação. Havia loucos – em sua totalidade. Lembro-me vagamente de uma aquarela composta por todas as cores e alguém que segurava um pincel com a ausência delas, todavia, na aquarela, tinha vermelho, amarelo e bastante azul, mas, no pincel não, tampouco na tela. Também existia música tocando o tempo inteiro. As notas passeavam de clássicos barrocos, instrumentais de compositores franceses a ritmos atemporais. Certo alguém tocava uma flauta freneticamente desconhecendo o som que se dissipava naquele lugar. Lindo mesmo era o palco em que um ‘clown’ recitava poemas de Augusto dos Anjos, permeando assim, coisas vísceras, nojentas e também complexas. Não sabia quem estava ali. Ora dominava uma voz suave, doce. Ora proferia sermões em tom ríspido e autoritário. Mas, ninguém sabia o que esse alguém queria dizer. Havia confusão no palco. Logo, presumiu-se que a presença de alguma coisa – que não se sabe o quê - girava em torno dos habitantes daquele lugar. Os questionamentos começaram a se conglomerar e junto disso, as dúvidas só aumentavam, trazendo consigo conjetura e atribuições. Quem era o dono dali? Havia um rei?
Era preciso mais que paciência, talvez até mesmo ânimo dobre onde um corpo só carregava dois pensamentos sobre determinada coisa. Disfunção – talvez. Os habitantes começaram a fazer apostas e desacreditar nas circunstâncias que os levara ali. Como haviam chegado? “Foi a aurora” – dizia um deles.
O lugar começou a receber visitas. Os sentimentos começaram a chegar. A Inveja tomou parte de tudo o que podia. O Flautista pintava melhor que o Pintor que, por sua vez, entendia de literatura e línguas das mais difíceis de ser falada. Então, fez-se as revoltas, logo depois, as discórdias e quando perceberam as brigas ocupavam o lugar. Era a Ira chegando, juntamente com a Raiva e o Ódio em sua bagagem. “O que querem aqui?” – perguntou o Clown com autoritarismo. A Ira respondeu com um olhar. “É que alguns sentimentos falam com os olhos” – disse o Ódio. E é bem verdade que os olhos falam. De repente, no planeta, um vendaval começou a se formar, a fim de ser um tornado que passaria destruindo tudo. Só havia destruição ali. E o rei, onde estava? “Todo rei precisa ser assassinado.” – disse a Raiva.
E foram em busca de um rei. “Alguém quer essa coroa?” – oferecia a Solidão segurando uma coroa cravejada de diamantes e ágatas.
Ninguém se manifestou. Pudera, o último a ter reinado foi a Falsidade. Quem garante que realmente existia poder ali?
E travaram uma guerra. Todos munidos de armas.
O Ódio apostou no amor. A Ira na Amizade. A Raiva juntou-se com o Carinho. E a Falsidade – que por pouco não luta sozinha - conseguiu apoio da Compreensão.
Bummmm!
“O tempo que passa é o tempo que me resta” – proferiu o amor em seus últimos instantes de vida.
E de longe se ouvia suaves notas sopradas com tristeza. Era o flautista lamentando a perda, a atrocidade. Ele tocava com fervor e ao mesmo tempo, alguém tomara o controle do pincel, era o Clown que escrevia em azul forte sob a tela: Se alguém vai embora, o que sobram são as memórias criadas na vida das pessoas.
Em seguida, os dois abraçaram-se e começaram a dançar ao som do silêncio no planeta que era um mundo.
Aliás, o mundo. O mundo da lua.

Rubian Calixto – em uma segunda-feira fria e triste.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

foi em 25 de Julho de 2011.


"Foi pra ser feliz!" – pensou ele ao olhar o despertador desligado. Sim, passava da hora e em pulo ele despertou. É isso que a vida nos faz, nos desperta. Desperta uma vontade soberana de acordar, de alçar vôo, de viver. Pena nem sempre ser assim.
“Alguém me trouxe saudade, aliás, alguém se tornou dono de minha saudade” – falou para si ao observar que sua camisa estava amassada e era a única que poderia usar. Abriu a gaveta, retirou o relógio, um sorriso, e o deixou cair ao lembrar, ou melhor, ao se transportar para outro dia. Era o passado, lá vinha ele assolá-lo. Lembrou de uma manhã preguiçosa em que ficar na cama seria quase que esperar o mundo acabar e nada aconteceria. Havia desejo de coisas boas - em demasia - para que algo de ruim acontecesse. E, sempre acontecia. As perguntas vinham. Ou melhor, os questionamentos. Era tudo a base do: ‘tim-tim-por-tim-tim’. E isso, ao mesmo tempo em que cansava, instigava, parecia combustível para as engrenagens funcionarem, para o barco navegar em toda aquela imensidão desconhecida que era o que estava por vir. Adiar pra quê? Isso é a vida. São esses questionamentos que nos tornam mais maduros, mais preparados e talvez até mais fragilizados para entender determinadas situações e/ou emoções. E não é que não eram?
Vermelho ou violeta, taça ou copos, carpete ou capacho, geladeira, fogão, cama, piano...
Tudo isso vai persistir.
Verdade é que ele trocou quem queria por quem precisava, ou achava que precisava, ou pensava que podia precisar ou reconhece que precisa - não se sabe. São poucas as certezas que ele deseja carregar, talvez que o céu é mesmo azul – assim como o mar e a cor do seu carro.
E sobre o fim, relacionamentos, regras, o que ele tem a dizer?
Quando chegar ao fim, talvez ele volte aqui e diga - talvez.


Rubian Calixto - dedicado.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Engraçado seria começar minha narrativa sem enfatizar o quão a vida é surpreendente. Há pouco, a vida se encarregou de me presentear com mais um não para minha coleção e – ao contrário de alguns - aprendi a sentir essa dor, todavia, isso não quer dizer que eu devo entender e sim aceitar. Prometo, hei de tentar. Pois bem, dizer que ler, ver filmes que imitam minha vida e voltar a surfar soaria um tanto informativo, contudo, a gente precisa se alimentar de alguma coisa, não é mesmo? Eu chamo isso de ‘matar meu ócio’. Sabe, fiquei deveras chateado com algumas intromissões, mas, já já o tempo leva isso para a caixa de decepções juntamente com os comentários excluídos do meu blog. Como diria uma grande amiga “ - Para todas as coisas: tempo e fé!” Continuo decidindo minha tatuagem e mamãe continua intervindo em todas as ideias possíveis. Talvez por isso eu ainda não tenha feito, ou por medo, ou melhor, por falta de grana mesmo. É, é isso. Ler coisas antigas no blog me faz refletir e repensar um pouco. Mas, infelizmente não mudou minha concepção sobre determinadas coisas, pessoas e fatos. Ainda me preocupa a falta do que fazer de algumas, essas, chegam aqui – no meu blog – e comentam como anônimo. Quer saber? Eu não me importo, todavia, gosto de preservar minha intimidade, pois, se atentarem vão perceber que não dou nome aos bois, tampouco as emoções. Por esse motivo eu excluo todo e qualquer tipo de comentário que venha mencionar outra pessoa que não eu. Mas, tudo não passa de L-I-T-E-R-A-T-U-R-A – uma de minhas grandes paixões. É preciso me olhar nos olhos ou abraçar-me pra sentir o que carrego, portanto, pare de mensurar o brilho do meu sorriso! Pode apostar que você ta sendo enganado ou me julgando da forma errada. Ainda cometo os mesmos erros e arregaço as mangas a despeito dos próximos. Que venham! Prefiro mil vezes encarar as coisas a perder tudo por medo. Li outro dia alguém dizer que dos vinte aos trinta anos, estamos aptos ao erro e que a gente pode errar o quanto quiser daí por diante a gente vai tentando consertar. Será mesmo verdade? Se for, ainda me restam infindáveis oito anos. Outrora, o que ainda é mais complicado em tudo isso é tentar esquecer essas lembranças mortas. Ou será uma memória esquecida? É incrível e impressionante como o fantasma do meu passado assola mais os outros do que a mim mesmo. Lamento. Por hora, alguém se aproximou de mim e escolheu a pior parte para tentar me conhecer. Antes de tudo – por favor, entenda: eu quero matar meu passado e infelizmente não posso fazer isso sozinho.
Mesmo com um ‘não agora’ que doeu e ta doendo eu concluo: eu ainda sei lapidar a dor.
Que sorte!

Rubian Calixto – ao som de Outra Canção Tristonha – Thiago Pethit

sexta-feira, 13 de maio de 2011



Se um dia eu tiver você, veremos a aurora se aproximar juntos celebrando a solidão ruir. Ao teu lado quero ouvir – mais uma vez - as palavras do Caio Fernando Abreu proferidas por sua voz apaixonante e, - dessa vez - só pra mim. Quero te ver arrumar o cabelo frente ao espelho e fazer um sinal de positivo através do reflexo. Quero ver você de perto, compreender teus sonhos e contar da minha pressa de viver. Quero te analisar com calma e te abraçar na mesma intensidade para que haja tempo para o mundo desabar. Quero-te entre meus braços e sussurrar no teu ouvido que tudo ficará bem e que esse sou eu te protegendo da solidão. Quero colocar um nariz de palhaço a fim de te fazer abrir esse sorriso lindo e devastador que você tem e te convencer que posso ser teu Pierrot, meu Arlequim. É, eu quero. Quero passar os textos, decorar as falas e até mesmo contracenar junto. Quero cantar Pethit, Jeneci, Gadelha, Tiê e tudo o mais que ainda vamos conhecer. Quero uma balada na lua e preencher o vazio do banco do passageiro. Quero brigar pra mudar a música, tentar chegar ao cinema na hora marcada, sujar as mãos de manteiga e limpar em tua camisa. Quero brincar de águaxfogo, de substituir as palavras e de interpretar personagens. Quero ver-te segurar as taças enquanto procuro o saca-rolha. Quero te gravar CDs, presentear desconhecidos com estórias, dançar no frio da madrugada, ouvir as estrelas falarem junto a nosso silêncio e tomar vinho brindando contigo. Quero me despedir e te ligar um minuto após a partida.
Todavia, antes de tudo isso eu preciso ter você, ai sim posso te mostrar que eu não busco alguém. Desta vez, eu procuro o amor.

Rubian Calixto – dedicado.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

das cartas enviadas:

Natal/RN - Brasil, 23 de Dezembro de 2010.


Meu querido príncipe,
http://deflectionofabeing.blogspot.com/


Há tanto para te falar que dentro desse e-mail também vai várias gesticulações (as quais aprimorei na Itália) e variações de tons - que vão do alto ao alarmante. Te comunico: A vida é mesmo cheia de surpresa!
Faz exatamente dois meses que voltei ao meu continente e – de início, você sabe, eu não estive assim tão contente, porém, há felicidade espalhada por todo canto – basta atentar para isso. Bem, logo após todo aquele desespero entre ir ou desistir, fiquei inerte e criei mecanismos de defesas e assim consegui manter por muito tempo algo que prefiro não dar nome.
A saudade é pertinente e persistente como um João de Barro construindo seu ninho seguro e aconchegante. Ela chega aos poucos e vai montando uma estrutura forte que vez ou outra se sente abalada. A saudade me instiga a tentar. Porém, certa vez alguém me disse que a saudade é necessária. E, compreendo que, sem ela eu jamais lembraria tanto de você – assumo. Eu te quero tanto por perto e às vezes dá vontade de gritar isso. E eu até já gritei.Ah, deixa eu te contar: Após a conclusão do trabalho de nosso amigo, resolvemos brindar a vida. Encharcamos nossa noite de vinho e banho de chuva. A madrugada passava bem longe entre tantas conversas, sob aquela luz – que desta vez era vermelha - e as canções intrigantes de CocoRosie. Não havia ninguém para ‘providenciar’ um cinzeiro para nós. Porém, não permitimos que as cinzas ficassem no chão. Aprendemos com você que um copo com água pode vir a ser um cinzeiro. E hoje, descobri que um alguém pode ser AQUELE alguém. Pois bem, parece que todos aqueles pássaros que habitavam na frente do Hotel Bled, em Roma quando eu estava por lá e me traziam alegria quando eu jogava pães para eles e te ligava para dizer que eu me sentia feliz fazendo aquilo – tamanha era minha felicidade, resolveram voar para cá. Depois de tanta coisa, a vida me sorriu de volta, Príncipe e hoje tenho certeza de que precisei estar longe para me encontrar. E me achei e chegando aqui, me perdi. Perdi-me num sorriso, num sotaque carioca com pernambucano e em todo o conhecimento do Budismo – ao qual tenho estudado um pouco. Resolvi conhecer alguém de dentro para fora. E tem dado certo. Como sabe, assim como as bebidas, não costumo misturar pessoas – não mais. Fiz isso e me lasquei. O que ganhei? Aprendizado. É assim que encaro agora. Porém, estou calmo, tranqüilo e sorrindo de tudo. Voltei a trabalhar e o trabalho tem me consumido ao extremo. To malhando também. E, aparentemente estou mais forte – segundo a Djaba ( que não cansa de pegar nos meus braços) to decidido a aprender algum instrumento musical e caso eu me interesse – ainda mais, pelo Budismo, irei praticá-lo. Já pensou no choque para mamãe? Ah, ela, inclusive, perguntou por você outro dia. E eu falei que você estava bem e que a cada dia as coisas tendem a melhorar. Ou não. Ela está bem. E a rainha, como está? A princesa, dando muito trabalho? Outro dia peguei o Orkut da Djaba e vi as fotos. Nossa! Como ela é linda.
E a neve, me conta? O frio é castigante, não é? Falando em frio, veja só: Mandarei por nosso amigo um cachecol para você. É lindo e quero que você passe o réveillon com ele. Dê um jeito de usá-lo e devolva-me com o seu cheiro. Infelizmente não poderei mandar o que gostaria, contudo, amor e abraços vão às sobras. Como te falei, é um novo tempo para mim. Meu filho está chegando, provavelmente na segunda semana de Janeiro ele estará comigo. A língua dele é azul e ele se chama Theodor. Hoje ele está exatamente com dezenove dias de vida. Preciso dedicar-me a ele também. Minha vida ainda é composta por muita gente. Que vem, que vai e que fica – embora estejam longe. To feliz! é isso que queria te dizer. E mesmo não indo à Barcelona te encontrar, sei que um ‘aigarafileh’ vai tocar dentro de vossos corações. Assim como no meu – onde quer que eu esteja. E se estiver naquele lugar espalhado por nossas lembranças, darei um jeito de me comunicar, seja com um celular, com um olhar, ou por uma prece. Pedindo a Deus que esteja ao nosso lado e que nada – absolutamente nada, nem ninguém, venha tentar quebrar nosso elo, nosso amor e nosso desejo por estar perto. Estar perto não é físico, saiba disso.

Te amo.

Rubian Calixto – dedicado.

sexta-feira, 4 de março de 2011

todo dia um ninguém José...


É triste a ideia de ver que tudo já passou. Nada mais se move aqui dentro, é tudo tão previsível. Seu olhar é o mesmo, pude constatar. Não canso de escrever de como eu me sinto após tantas coisas, entre elas viagens e perdas. Você – mais uma vez. Se o amor for mesmo um jogo, nesse eu perco. Consigo me desfazer fácil de um cafuné ou um sexo diário. Carência nunca foi o meu forte, tenho amigos e livros capazes de supri-la. E claro, outros modos. Tipo um jogo chamado “ 5 conta 1” ensinado por um grande amigo. A saudade pode vir a calhar, mas, superação é um fator importante e determinante quando se quer vencer, pois, ganhar é a sensação de doado ou dado. Acorda e percebe que você não conquistou nada disso. Foi tudo feito, armado e doado para você. Isso não é vencer, isso é ganhar. E de quem você ganhou? Quem perdeu para você? Reflita. Já faz um ano e parece mesmo uma estréia adiada. Falta muito para concluir, pois, de que vale a festa se as cervejas não estão geladas?
Carnaval deixou o desejo da carne bem longe e me trouxe nostalgia. Maldito seja ele! Mas, aprendi a lidar com ela, afinal, ela se tornou meu travesseiro nas noites de segunda feira.
Olho para trás e sinto nojo de quem compôs meu passado. E me prontifico: eu não fiz a escolha certa. Você só sabe perder. Porém, à distância me faz dono da felicidade inatingível. E ai de quem ousar tocá-la. Afinal, todos os dias você salva minha vida – estando e mantendo-se bem longe dela.
Todo carnaval tem seu fim e todo o fim está próximo.
Aprenda.


Rubian Calixto - sorrindo.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

um dia triste de fevereiro de 2011.




“Chuck, apesar de todos esses conflitos, nosso ‘gossip world’ está conservado! Assinado, B.” recebi uma sms que dizia isso após regressar ao país, porém, jamais regressei ao meu lugar. Eu não estou onde estava e estou certo de que a minha vida jamais será uma constante. Alguém me ensinou isso. Lágrimas são latentes, porém a lembrança surge a todo instante. Essa não é hora de procurar respostas e/ou buscar novas perguntas. O entendimento não chegou aqui, a tristeza sim e ela é forte, ela enfeitou minha alma como alguém que preparava a casa para me receber. As louças lavadas sob a pia e os ingredientes da receita que seria proveniente do humor ou do tédio me davam a certeza de que meus dias tinham nome ao seu lado, meu peixe tinha nome, meu chinelo, os automóveis que trafegavam entre nós tinham nome. Tudo dado por nós. Recordo-me com fervor ‘o dia vermelho’, você ganhava não apenas um canudo, mas, uma noite fascinante. Sentei à mesa junto a sua família, uma honra. A pista de dança virou uma cama onde passamos a noite sendo seus escravos, dançando sem parar munidos a champanhe, sorrisos e – claro, nossas fofocas. Há quem diga que falávamos de quem estava perto, todavia, ninguém sabia que o vestido da tia do fulano da sua sala não nos agradava e resolvemos dar nome ao vestido. Assim como nomeávamos emoções e presenteávamos desconhecidos. Era excitante. Lembro-me certa vez em que fomos comprar ingredientes para uma de nossas receitas e a mulher veio falar da filha que estava morando na Flórida e bla bla bla... e antes que ela terminasse você disse: “- Nós estamos partindo amanhã para a Flórida nossos pais já estão lá e compraram nossas passagens.” A mulher ficou louca e quis chamar a filha para nos dar dicas sobre a viagem. Você retrucou dizendo: “ – é a terceira vez – só esse ano – que vamos à Flórida!” E voltamos com o açúcar e a margarina, reclamando que a ‘vendinha’ da senhora era muito ‘pobre’ para ela sustentar uma filha na Flórida. E sorrimos. E cozinhamos. Foram tantas nossas aventuras, tantas! E muitas estavam por vir.
Minha ligação a você não se deveu a uma simples apresentação numa noite infindável de 2008, foi algo sobre natural. Não arrisco em tentar explicar. A única coisa que carrego é a certeza de que ao seu lado a felicidade sempre me visitava. E agora estou aqui, fazendo sala para a tristeza que me assola. O que aconteceu com o mundo? Qual o motivo de tantas catástrofes? Parece que alguém abriu um buraco no meu peito, me feriu, apunhalou e olhou nos meus olhos dizendo: ‘seu orgulho te trouxe aqui. ’ Eu queria voltar o tempo, queria atender sua ligação, queria dizer que comprei chá de lichia para tomarmos no jardim. Contudo, achei melhor ficar distante e confiar no tempo. E olha o que ele fez comigo!!! B, Vê! Não vou procurar culpados nem vou me mutilar – você não gostaria disso. Quero consolo, quero acreditar, quero aceitar... quero te encontrar.

Você se foi e não faço ideia de onde você esteja, porém, sei que estás bem. Você sabe procurar a felicidade e o melhor de tudo: você me ensinou a fazer o mesmo.

Rubian Calixto – com lágrimas, dedicado.